segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Playback e preguiça

(Publicado originalmente no dia 05/10/08, por Gabriela Leal)

Há tempos eu já não dou muita importância para premiações da MTV – muito menos da brasileira, que anda cada vez mais capenga, a meu ver.
Nesta última sexta-feira, ENTRETANTO, minha fracassada decisão de ficar em casa à noite me obrigou a conferir a reprise do insosso VMB (Vídeo Music Brasil) deste ano... Não que os anteriores não o tenham sido! Whatever.
Não entrarei em detalhes quanto ao evento como um todo, até porque minha comparsa Monique já tratou de providenciar sua cobertura mais ácida sobre o que rolou de mais bombástico.
Por agora, eu vou tratar de explorar uma situação que, em especial, me deixou perplexa dentre os muitos outros deslizes que eu poderia destacar no “maior evento musical do Brasil”.

Gente, definitivamente, o que foi o Bloc Party mandando um playbackão descarado?

Olha, vou te dizer que foi a única coisa que eu achava que fosse valer a pena no VMB. E, sem dúvida, pelos depoimentos colhidos dos artistas no tapete vermelho antes da festa, era mesmo um dos shows mais esperados.
Senti até um friozinho na barriga quando ouvi os primeiros a
cordes de "Talon", música do novo CD, "Intimacy", escolhida pra abertura da tal performance que, mais adiante, se mostr
ou pífia... Foi só ver a câmera focalizando o Kele Okereke (só eu que dou risada ao ler esse nome?) totalmente fora de sincronia com a música de fundo que eu fiquei alarmada. Se escolheu fazer playback, que pelo menos, tente fazer direito! [Se é que há mesmo um meio de fazer essa prática parecer menos detestável num show tão aguardado.]
Será que superestimamos os meninos indie de Londres?




Um trecho de "Banquet" durante o VMB 2008

A verdade é que eles mesmos didn’t GIVE A SHIT TO BRAZIL.
Pois a decisão de não tocar de verdade partiu da própria banda. E de última hora. A própria MTV desconhece as razões... Mas acabou deixando que os rapazes se aventurassem assim mesmo no palco, protagonizando uma das cenas que mais conseguiu atingir o meu ápice de vergonha alheia nos últimos tempos.
O que foi o Kele chutando o pau da barraca ao ouvir as vaias, pulando e andando em círculos, tentando causar furor e interagir com a GALERË?


It's just NOT working!

E, mais adiante, do nada esse homem alucinado me simula UM TOMBO pra descontrair [nada me tira da cabeça que foi proposital]... Sem sucesso, porque nem mesmo "Banquet", o maior hit da banda, conseguiu aliviar a indignação do povo... Se eu fosse eles, parava a palhaçada por aí!


Miranda e Sarah super aprovaram o róquenrou do Bloc Party

Na platéia, era possível ver a ex-VJ Sarah Oliveira tentando forçar uma empolgação (nada mais típico dela do que ser forçada) e Miranda, rabugento jurado do programa Astros do SBT, com uma cara de enfado pavorosa, pra não dizer decepção.
Aliás, qual o problema em mencionar decepção? Até eu que sou fã da banda não acho que ela mereça passar ilesa por duras palavras atribuídas.

Ainda mais porque isso total me remeteu a um episódio marcante da minha vida, cujo merecimento da “alcunha” se divide entre motivos bons e ruins [esses últimos, espero que seja automaticamente subentendidos!]:

Cidade do Rock, Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2001. Gabriela, 12 anos, enfurnada no dia teen do Rock In Rio 3.
Passemos logo à polêmica generalizada acerca do playback de Britney Spears, que, mais pra frente, foi amenizado e classificado como semi-playback, isto é, um pequeno reforço de um vocal previamente gravado, que é tocado junto com a banda. Na época, muita coisa maldosa foi dita a respeito da moçoila que estava no auge de seus 19 aninhos... Cadê o pique pra fazer um show de verdade?


Eu, na condição de admiradora pré-adolescente e PARALISADA com aquele festival de efeitos
sonoros, visuais, dançarinos all around e a própria empolgação de poder participar de um evento grandioso como aquele, não consegui ter raiva. Mas me lembro de uma confissão feita aos meus pais, que me acompanhavam na jornada de quase 14h de maratona POP (guerreiros!): “Ah, só fiquei um pouco triste porque ela ficou com preguiça de cantar pra gente aqui do Brasil”.

Decerto que esse auxílio básico da tecnologia em shows de artistas extremamente performáticos e sem fôlego não é infeliz exclusividade para apresentações em nosso País... Cantores e bandas pop de todo o mundo lançam mão desse recurso com freqüência, sobretudo em programas (na época, alguns fãs ferrenhos mais revoltados achavam que ela só tinha feito isso pra sacanear os tupiniquins).

Anyway... Britney dança, Britney é quase mais performer do que cantora em palco (e mesmo assim continua ahazando), Britney é POP, Britney é trash, Britny é zoada, Britney não toca instrumento, Britney tem uma vida pessoal que por vezes ofusca sua profissão, Britney não tem pretensão de parecer “autêntica” a todo custo em sua proposta musical...

Por isso eu acho o playback fatídico de Britney em 2001 muito menos descarado que o do PlayBloc Party (piadinhas na Internet já se disseminam) no VMB 2008, não que eu esteja defendendo a Britney, afinal, eu não fiquei plenamente satisfeita em ter prestigiado uma farsa vocal.

Pelo menos o ingresso de um dia de Rock In Rio, na época, era só 35 reais.
Hoje em dia minha paciência diante de atitudes desrespeitosas de artistas que se julgam ROCKERS COM ATITUDE E ENERGIA custa bem mais caro.

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